A manobra do PMDB

O PMDB “desembarcou”, nesta semana, do governo Dilma Roussef. O procedimento foi realizado numa reunião de três minutos, e terminou com a recomendação de que todos os integrantes do partido entreguem seus cargos. Muitas perguntas ficaram no ar, após o ato.

A primeira delas se refere ao papel do vice-presidente Michel Temer, que permanece no cargo a despeito da manobra do partido. Tal posição parece deixar claro que o real interesse do PMDB, ao invés de deixar o poder, é permanecer nele. Aguardando o processo de impeachment da presidente Dilma Roussef, Temer parece aguardar sua vez de ocupar o cargo, situação para a qual já se prepara, inclusive buscando aliados entre a oposição.

Outro ponto essencial a ser questionado é sobre o passado recente do PMDB, e sua permanência neste governo por 13 anos. O partido foi o fiel aliado do PT desde sempre, participando do cotidiano do Planalto e suas decisões. A chapa que continha a candidatura Dilma-Temer foi votada nas urnas por milhões em 2014. Como explicar a cada um dos eleitores este rompimento, ainda mais da forma como ocorreu, em três minutos?

O PMDB que acena para medidas liberalizantes, de ataque aos direitos dos trabalhadores, deve ser olhado com muita cautela neste momento difícil do país. Ao pular de um barco em pleno naufrágio, deixou de conferir um caráter ético ao desmembramento, e carece de qualquer credibilidade para tentar conduzir o país, na hipótese da queda da presidente Dilma pelo impeachment. Se com Dilma está difícil, imaginem com Temer.

A população está farta deste tipo de manobra que se acumula na história brasileira, e não vai aceitar de bom grado um governo formado simplesmente por conspiradores. Temer deve renunciar já, independentemente do destino do governo Dilma. Deve ser buscada uma solução que não represente a manutenção de toda uma cultura política negativa. O povo não suporta mais, e tem deixado isto claro.

Texto de Artur Bueno Júnior - presidente do Stial e diretor da USTL.

 

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