A posse de Temer e o movimento sindical

Artigo de Artur Bueno Júnior - Presidente do Stial (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Limeira)

O Senado federal determinou nesta semana, de forma definitiva, a cassação do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). A Casa aceitou a tese que a acusava de editar decretos suplementares de crédito sem autorização do Congresso Nacional, além de maquiar as contas do governo de modo a simular sua normalidade. Por 61 votos a 20, Dilma foi retirada do cargo por uma maioria parlamentar, que também refletiu o declínio de sua popularidade nas ruas, muito por conta do fracasso da política econômica.

Agora, o país se debruça sobre a figura do presidente Michel Temer (PMDB). Os brasileiros estão atentos ao desempenho de um governo que, em pouco mais de 2 anos, terá a missão de atacar as crises política e econômica. No primeiro caso, Temer começa com certa vantagem, até pela comparação com a inabilidade de Dilma no trato com os parlamentares. Rusgas aqui e ali haverão, mas dificilmente algum partido que compôs  o grupo favorável ao impeachment deverá levantar bandeira oposicionista nos próximos 2 anos.

Já no tocante à crise econômica, a dificuldade será maior. Ante uma certa euforia da troca da gestão, com oscilações pontuais da cotação do dólar e índice da bolsa de valores, ainda resta aos brasileiros contabilizar o tamanho do buraco fiscal e financeiro em que o país foi metido. Não só pela política econômica temerária do governo anterior, mas também por uma retração da demanda que penalizou demais o parque produtivo, já ferido por problemas estruturais como a alta carga tributária e a infraestrutura deficiente.

A tranqüilidade política, por sua vez, pode acabar de uma hora para a outra se, na economia, Temer produzir mudanças que afrontem direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Ele errará, se insistir em fazer avançar uma reforma previdenciária que penalize o aposentado, impondo idade mínima irracional para os padrões brasileiros. Pior ainda será com relação à reforma trabalhista pretendida, que sepulta direitos conquistados há quase um século, e erra o verdadeiro foco para dinamizar a economia – a redução da carga de impostos e o corte de gastos públicos.

Independente de posição política, o movimento sindical deve dar seu voto de confiança inicial ao novo presidente. Responsável pela representação de milhões de trabalhadores, o sindicalismo sério deve abandonar a proclamação de golpe, pois tem a obrigação de enfrentar os dias que virão com equilíbrio e organização. Estará, no entanto, pronto a tomar as ruas, caso o governo que assumiu resolva atacar os direitos dos trabalhadores.


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