Governar para pessoas

A palavra de ordem, atualmente, quando se fala em gestão pública, é equilíbrio fiscal. Tornou-se consenso dizer que os governos anteriores gastaram demais, que o Estado brasileiro é deficitário em todos os níveis, e que a crise econômica retirou dos gestores qualquer capacidade de governar. A resposta quase unânime destes gestores tem sido o corte de gastos, em muitos casos o corte de benefícios, ou de ações de governo que beneficiam os mais necessitados.

Mas será esta a única solução possível? Administrar um país, um Estado ou uma cidade, resume-se a simplesmente controlar as despesas diante da receita? Enxugar os gastos resume-se a cortar benefícios, como se o grande culpado pelo desequilíbrio fiscal fosse o povo, e seus tão raros direitos adquiridos?

No Brasil, onde um presidente, acuado por denúncias de corrupção, gasta dinheiro do Orçamento Nacional agradando deputados e senadores, o investimento em infraestrutura foi reduzido a quase zero. Os programas sociais sofrem ameaça constante, e a Previdência será alvo de uma reforma, que promete transformar nossos futuros idosos em mendigos.

Em Limeira, sob argumento do desequilíbrio financeiro, a Justiça aceitou retirar benefícios do transporte coletivo para deficientes e estudantes. Tais direitos, se legais ou não, tinham como fonte de recursos o subsídio, pago à empresa que sempre administrou o sistema no município. Mesmo assim, a atual gestão da Prefeitura não procurou alternativas para acabar com o problema, apenas (e só num dos casos, o dos deficientes) adotando paliativo que não vai recuperar a abrangência do benefício anterior. 

Isto, em tempos em que ela própria, Prefeitura, administra o sistema, sob o modelo de intervenção. Apenas os deficientes carentes serão beneficiados com isenção de tarifas, por meio de um regramento que ainda não ficou claro à sociedade. Estudantes terão o preço da passagem de ônibus dobrado, diante do fim do benefício, num impacto fulminante no orçamento deste público.

Isto sem falar nas farmácias cortadas, medida de contenção de despesas que desprezou o bem estar, e a saúde, de grande parte da população. Hoje, governa-se para o orçamento, não se governa mais para as pessoas. O motivo, entre outros, é a preguiça de ousar, de encontrar alternativas. E para manter o povo calmo, usa-se o catastrofismo.

Governar com um olhar mais humano é preciso, sob pena de observarmos os indicadores sociais despencarem nos próximos anos. Para isto, criatividade e transparência na gestão pública são necessárias. Mas acima de tudo, saber que se lida com pessoas. 


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